Hoje eu vim contar/relatar uma história que aconteceu comigo
e que considero de muita relevância. Sempre acreditei ser importante estarmos
abertos para o que a vida tem a nos ensinar.
Para quem não sabe, estou viajando e semana passada,
precisei pegar um trem para de locomover de uma cidade a outra, até ai tudo
bem, tenho a “convicção” de que com um mapa na mão, tudo se resolve. Pois bem,
minha dificuldade começou logo no início, na hora de comprar o bilhete para
embarcar no trem. A questão é que, todas as informações estavam em inglês e eu
confesso que não estava conseguindo entender muito bem, como funcionava aquele
sistema de compra que não especificava o percurso que eu poderia percorrer com
aquele ticket. – Devo confessar, que sinto falta do contato pessoal, de ter
uma pessoa para te vender o bilhete e te esclarecer dúvidas quando você possa
vir a tê-las.– Pois bem, eu me
encontrava ali, em frente a uma máquina, que me fazia perguntas que eu não
sabia responde-las com exatidão.
Calculei mentalmente que estava parada em frente aquela
máquina a aproximadamente uns 3 minutos, percebi também o momento que uma
pessoa chegou e formou a fila atrás de mim, não demorou nem 30 segundos e já
começava a apresentar sinais de nervosismo pela minha “demora”. Sentia a respiração ofegante, o
tamborilar do pés, algumas bufadas e algumas palavras inaudíveis. – Confesso
que comecei a achar graça naquilo, eu já estava começando a ficar nervosa com a
máquina e tentando resolver meu “problema” da forma mais rápido possível. –
Passados mais 15 segundos, quando eu já não aguentava mais
sentir aquela respiração ofegante no meu “cucuruto”, virei para trás na
intenção de falar: pode usar moço, eu espero. Mas, para minha surpresa, ele foi
mais rápido, começou a se encaminhar em direção a outra máquina ao lado, bravo
e me questionando de forma irônica, se eu estava fazendo aquilo de propósito.
Fiz cara de “chocada” e dei um risinho. Por sorte chegou um garoto que começou
a me auxiliar e me explicou como funcionava o sistema de bilhetes e qual eu
deveria comprar.
Entrei no trem e após duas estações, o mesmo homem que ficou
bufando e reclamando no meu cangote entrou. Se posicionou na minha
frente, de costas, segurava alguns papéis na mão e começava a contar sua história.
Contou que havia saído da prisão à 3 meses, não encontrava emprego, morava nas ruas e por isso estava pedindo esmola.
Dei a ele 1dollar e e só ai foi que ele me reconheceu.
Olhou pra minha cara, incrédulo, sorriu e agradeceu. Continuou
pegando dinheiro de mais algumas pessoas e depois voltou para perto de mim. Me olhava a cada 5 minutos, sorria e novamente agradecia. Ao total, acredito que recebi aproximadamente dez “muito obrigado” e uns quinze sorrisos que eram acompanhados de risadas e dedos sendo apontados para meu rosto. Seu olhar dizia: Hey
garota, eu lembro de você. Me desculpa e obrigado.
O obrigado que ele me projetava, não era de agradecimento
pelo dinheiro, era um obrigado de agradecimento por
eu te-lo "ajudado" a enxergar, mesmo depois da grosseria desferida a mim. Era um agradecimento
que simbolicamente significava muito mais do que um simples obrigado, tinha incrustado dentro de si significados mais profundos, como por exemplo o de não guardarmos rancor, ou/e reafirmar que ele pode ver a vida de outra forma, onde, coisas boas podem nos acontecer a qualquer momento, basta
apenas que estejamos abertos a isso. Ele, muito mais do que muita gente, merece os parabéns por ter a humildade de reconhecer o erro cometido e, sem palavras, compreender que a vida é muito mais do que apenas "um dia ruim".
Aqui minha mãe merece outro ponto, pois, sempre me ensinou
que não devemos retribuir uma grosseria com outra grosseria e sim com um
sorriso.
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